Muitos profissionais de saúde de clínicas privadas no DF, não foram vacinados contra Covid-19
“Testar, diagnosticar, isolar, tratar e mapear. Fizemos esse apelo inúmeras vezes ao Poder Público. É essencial monitorar. A transmissão comunitária, agora de forma descontrolada, precisa de vigilância”
“Primeiro, preparem-se e estejam prontos. Segundo, detectem, protejam e tratem. Terceiro, reduzam a transmissão. Quarto, inovem e aprendam”. Há um ano, foi com essas palavras que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou pandemia mundial causada pela covid-19. De lá para cá, a situação só se agravou no Brasil. O Distrito Federal hoje contabiliza mais de 300 mil contaminados e aproximadamente 5 mil mortos em decorrência da doença. Neste cenário, guiado pelo compromisso com os médicos e com a população, a atuação do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) foi ao encontro às palavras do representante da OMS.
Desde o anúncio da Organização Mundial da Saúde, o SindMédico-DF intensificou o seu trabalho. Como representante dos médicos, compreendi que o momento era de seguir as orientações de saúde e cobrar da gestão pública o que é necessário ao combate à covid-19: saúde pública e cuidado com os profissionais de saúde. Médicos só podem salvar vidas se estiverem, também, protegidos da doença. Por isso, seguimos atentos à distribuição e à qualidade dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). É inadmissível que, um ano após declarada a pandemia, ainda faltem luvas nos hospitais, como aconteceu em novembro do ano passado.
Assim como o restante do mundo, um ano atrás nós sabíamos pouco sobre o vírus. A única certeza era de que precisávamos acreditar na ciência e seguir as orientações da OMS. Conversamos com os médicos, alertamos a população. Iniciamos um novo ciclo de comunicação com nossos sindicalizados e com seus pacientes – usuários ou não do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos preocupamos em informar com qualidade e credibilidade: como se proteger da covid-19? Criamos, para isso, um espaço exclusivo na internet com esclarecimentos necessários e colaborativos sobre a doença: prevenção ainda é palavra de ordem.
Testar, diagnosticar, isolar, tratar e mapear. Fizemos esse apelo inúmeras vezes ao Poder Público. É essencial monitorar. A transmissão comunitária, agora de forma descontrolada, precisa de vigilância. Essa medida, ainda ignorada no DF, é extremamente necessária no combate à covid-19, assim como pensar adiante. Foi o que faltou. E também avisamos, à época, sobre o risco de desmontar a estrutura do Hospital de Campanha Mané Garrincha. Em setembro, alertamos: “A pandemia não passou (…). O planejamento preventivo traduz o popular ‘prevenir para não remediar’”.
Aos médicos, que nunca trabalharam tanto, e em condições tão extremas, o SindMédico-DF ofereceu instalação em um hotel no centro de Brasília para que não corressem o risco de transmitir a covid-19 para seus familiares. Entramos com ações contra a retirada de direitos em plena pandemia. E, além disso, fomos o primeiro sindicato do DF a alertar que o novo coronavírus, quando transmitido em ambiente profissional, é considerado acidente de trabalho. Estamos atentos.
O trabalho sindical, intensificado durante a pandemia, ecoou a voz de toda a sociedade. Para que não tenhamos mais um ano de covid-19 no DF, cobramos, agora, a compra de vacinas e a rápida imunização em massa. Até agora, apenas 4,27% dos brasilienses foram vacinados. Profissionais de saúde de clínicas privadas, laboratórios e médicos peritos da Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (Subsaúde) continuam na fila pela vacinação. O DF precisa, urgentemente, de um calendário contra o novo coronavírus. O SindMédico entendeu e aprendeu que, para controlar essa doença, é preciso driblar as dificuldades, com a ideologia única de salvar vidas.
Texto de Gutemberg Fialho, médico ginecologista e obstetra, médico do trabalho, atua em perícias médicas e detém o registro da Ordem dos Advogados do Brasil, com especialização em direito médico. Presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (Sindmédico-DF), por três mandatos consecutivos, foi conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, representando a Associação Médica de Brasília (AMBr), no período de 2009 a 2014. É membro titular da Academia de Medicina de Brasília.