Política

Caso Marielle: hora de seguir o dinheiro

Por Miguel Lucena

Em que vespeiro Marielle Franco mexeu para ser executada em via pública na cidade do Rio de Janeiro, em março de 2018? Consta da investigação que ela estava marcada para morrer em 2017, mas um dos sicários, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, alegou que o carro estava com problema mecânico para abortar o plano na ocasião.

Segundo delator Élcio Queiroz, seu colega ex-policial militar Ronie Lessa justificou o assassinato da vereadora por ódio ideológico.

Ronnie Lessa é um ex-policial militar do Rio de Janeiro que está preso preventivamente desde março de 2019 por ser o autor dos disparos de submetralhadora que mataram Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018.

O ex-PM Élcio Queiroz, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi convencido a fazer uma delação premiada após desconfiar de Ronnie Lessa, apontado como seu comparsa no crime. Os dois estão presos desde 2019 e vão a júri popular pelas execuções.

Ódio ideológico é muito pouco para motivar uma execução dessa natureza. Se assim fosse, o Brasil estaria hoje mergulhado em guerra civil, uns atirando contra os outros.

Uma pista que surgiu da delação de Élcio são os pagamentos de R$ 5 mil mensais que ele teria recebido durante um ano das mãos de Maxwell, aquele que refugou na primeira ação, para usar as palavras de Ronie Lessa.

Quem teria dado esse dinheiro para Maxwell garantir o silêncio de Élcio e lhe passar a confiança de que não seria abandonado?

Quais as ligações do sargento reformado Edimilson Oliveira, o Macalé, envolvido no plano macabro?

Julia Lotufo, viúva do ex-capitão da PM Adriano da Nóbrega, morto em confronto com a Polícia na Bahia, tentou negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP). Em conversa com promotores, ela teria revelado quem mandou matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, segundo a Revista Veja, e não teria sido seu marido.

Ela teria detalhado a participação de Adriano em outros homicídios e listou agentes públicos que receberam propina para acobertar os crimes.

Lotufo contou que o ex-marido chegou a cobrar satisfações dos comparsas de Rio das Pedras, comunidade localizada na Zona Sul do Rio, e queria saber se algum deles tinha envolvimento no caso.
Segundo Julia, a preocupação dele era que a investigação do crime atrapalhasse os negócios que tinha na região.
Ela conta que integrantes da milícia que atua na comunidade Gardênia Azul procuraram o ex-capitão e discutiram a possibilidade de ele preparar um plano para matar Marielle, já que a atuação da vereadora estaria colocando em risco os negócios da milícia da região de Rio das Pedras.
De acordo com a viúva, Adriano teria achado a ideia absurda e arriscada, por envolver uma parlamentar, e que ficou surpreso com a notícia do crime. Quando teria ido cobrar explicações dos comparsas, ouviu que a ordem partiu do alto-comando da Gardênia Azul.
A revista afirma que nenhuma das fontes consultadas pela reportagem quis informar o nome da pessoa que ordenou a execução de Marielle e Anderson. Além disso, lembra que um dos chefes da milícia na região é o ex-vereador Cristiano Girão.
Em setembro de 2020, endereços de Girão e de pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, preso por participar do assassinato de Marielle, foram alvos de busca e apreensão realizados pela Polícia Civil e o MP. A Polícia Civil chegou a mirar no conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e no vereador Girão, mas as investigações pouco avançaram.
As matérias publicadas após a delação de Élcio Queiroz revelam detalhes da execução, porém dão a impressão de que ele é um “orelha seca”, motorista cumpridor de ordens, numa conspiração comandada por quatro ex-sargentos, incluindo o delator.
O caminho é seguir o percurso das verdinhas que sustentaram os executores antes, durante e depois dos assassinatos.

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André Angelo

Gestor público, servidor na Secretaria de Estado Saúde do DF, líder comunitário.

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